Presidente da RMI participa de audiência sobre parques tecnológicos na Assembleia de Minas

A presidente da Rede Mineira de Inovação e diretora executiva do tecnoPARQ, Adriana Ferreira de Faria, participou de audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em 23 de agosto. O objetivo do encontro foi debater a proposta de substitutivo ao projeto de lei nº 5.381/2018, que visa fomentar o setor de inovação, empreendedorismo e desenvolvimento no Estado, como os parques científicos e tecnológicos.

A audiência, que aconteceu no Auditório José Alencar, foi conduzida pela deputada Beatriz Cerqueira e contou com a participação de Adriana Ferreira; Lucas Mendes de Faria Rosa Soares, superintendente de Pesquisa e Tecnologia de Minas Gerais, representando o secretário Bruno Araújo; o professor Marco Crocco, CEO do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC); e Daniel Ferreira, chefe de Gabinete da FAPEMIG.

“Precisamos de marco regulatório, como essa proposta ora em debate, pois ela permite um ambiente jurídico seguro ao propor ações de longo prazo”, disse Adriana Ferreira. “Também precisamos de apoio institucional e financeiro que, prioritariamente, é público no mundo inteiro, ou seja, esse suporte precisa ser perene ao longo do tempo. Queremos e precisamos de políticas de Estado e não de governos”, completou.

Paradoxo

Minas detém cerca de 25% das universidades do País, mas conta hoje com apenas 3 dos 57 parques tecnológicos ativos no Brasil, com outros três em processo de estruturação.

“Minas vive uma contradição, tem a maior parte das universidades, mas poucos parques tecnológicos”, resumiu Marco Aurélio Crocco, CEO do BH-TEC, ao pontuar que as instituições de ensino e pesquisa, enquanto produtoras de conhecimento, são peças fundamentais na estruturação desses parques.

Segundo Marco Aurélio Crocco, CEO do BH-TEC, faltaria fazer uma aliança tríplice entre universidades, setor produtivo e Estado para que Minas avance na criação e desenvolvimento de ambientes propícios à inovação tecnológica, como são os parques, por concentrarem empresas, instituições de ensino, incubadoras de negócios, centros de pesquisa e laboratórios.

Outra necessidade apontada por ele para que Minas cresça em inovação é vencer a baixa taxa de transferência do conhecimento para gerar inovação de fato, ou seja, para que a pesquisa gere produtos e resultados concretos.

“Entre ter uma patente ou um produto na prateleira, existe todo um caminho. A metáfora é a de transformar a patente em nota fiscal, mas para isso é preciso incentivar a transferência do conhecimento” alertou Marco Aurélio Crocco.

Como exemplo, o CEO da BH-TEC disse que a UFMG nos últimos 10 anos se destacou pelo menos sete vezes como a maior patenteadora do País, mas com taxa de transferência de conhecimento de 20%, considerada baixa. A Unicamp, em São Paulo, teria uma taxa de 45%, e a USP, de 28%.

Já Adriana Ferreira, presidente da Rede Mineira de Inovação (RMI), frisou que os parques tecnológicos são mecanismos de desenvolvimento econômico e social no mundo inteiro há mais de 70 anos, ao passo que o primeiro parque de Minas foi criado somente há 11 anos, em Viçosa (Zona da Mata).

Adriana Ferreira informou que o Brasil está entre os 15 países que mais investem em pesquisa, apesar de estar na 59ª posição no ranking mundial de inovação. “Temos esse gap enorme”, alertou. Ela lembrou que parques tecnológicos precisam de 20 a 25 anos para maturação, mas que são eles que geram empregos de qualidade e inovação. Os 57 parques do País geram, conforme Adriana Ferreira, mais de 40 mil desses empregos.

A presidente da RMI ainda falou de outros paradoxos a serem vencidos. Segundo ela, o Brasil está hoje em 59º lugar no ranking mundial de inovação, embora esteja entre os 15 países que mais têm investido em pesquisa. Essa distância indica haver uma grande dificuldade interna de transformar conhecimento em inovação, também alertou a convidada.

Linha de crédito

O representante da Sede disse que a área de ciência, tecnologia e inovação da pasta está em reestruturação, e que as ações passam pelo lançamento de uma nova linha de crédito do BDMG para projetos em inovação, com maior interface do mundo acadêmico com o mercado, para inserir o pesquisador nas empresas.

Chefe de gabinete da Fapemig, Daniel Ferreira de Souza avaliou, por sua vez, que a fundação deu contribuições importantes ao setor nos últimos anos, com o lançamento de editais em 2019/20 e um novo previsto para este ano, em interface com ambientes promotores de inovação.

Ele considerou, contudo, que faltam indicadores no sistema de ciência e tecnologia para nortear os investimentos, de forma que os recursos sejam mais bem direcionados na busca por resultados para a população.

Ele sugeriu que a construção de indicadores conste num possível marco mineiro de inovação, uma vez que os parques tecnológicos se encontram em níveis diferentes de maturação, tendo portanto desafios internos e necessidades também diferentes, conforme ressaltou.

A deputada Beatriz Cerqueira anunciou que a comissão vai visitar os parques tecnológicos de Minas para conhecer suas instalações e realidades distintas e dar maior visibilidade à importância estratégica desses ambientes.

Ela também avaliou que a audiência mostrou a necessidade de Minas ter uma agenda de educação básica voltada para a ciência e acrescentou que a comissão deverá retomar em Minas um fórum de ciência e inovação para discussões sobre o tema em várias regiões do Estado.

 

 

Com informações do ALMG e tecnoPARQ

Foto: Henrique Chendes